quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

MEA CULPA ou Profissão de fé

ao poeta Francisco Carvalho

Semear poeiras e andrajos de esperas
dissecar os ossos das metáforas
acender espantalhos no amarelo das espigas.

Decantar o silêncio que sustenta o cais
ostentar um colar de metonímias
despir a voz da louca, cuja febre anuncia
um evangelho apócrifo.

Caminhar sob pedras como por milagre
ouvir a foz rouca dos rios da infância
borrifar no azul as flores do arco-íris.

Pintar um verão vazio de andorinhas
se encharcar de sol e devaneios
hastear um lenço sujo de saudade
ajustar os ponteiros na cópula dos pardais.

2 comentários:

josé leite netto disse...

Muito bom poeta. Versos sempre com uma bela sonoridade frasal. Sem falar na imagética melódica. Música posso assim definir.

parabéns

Wender Montenegro disse...

Obrigado por suas palavras elogiosas, José Leite Netto! É uma honra, vindas de um poeta tão poeta! Abraços!