Difícil se desfazer de nós. Marinheiro ou executivo, o aperto clama pescoço, mas a energia de viver é temporal sem repouso, rio sem leito. O deleite é o delito da recusa a camisa ou blusa de força com cores de vitrines. A pausa fica para pousos altos como deitar em vales de demiurgos, amiúde, habitat de poucos e loucos. Sãos não percebem o que vai detrás dos muros, viseiras ou óculos escuros que dissimulem a janela da alma, víscera capital sem jornada que o valha. Justo lá, fatos nefastos nos assustaram nesses derradeiros dias. Na mesma circunvizinhança nativa onde circulam cativos os seres menos quadrados e a arte fica mais a vista. Injusto, porém irremediável. Lá é lugar de noites poéticas e penumbras recônditas de festas cujos alardes eram mais alados que essas alegrias que pisam calçadas calcadas de granito ou pedra importada e gente que pouco se importa além das plásticas medidas em rodas e modas. Justo lá, meu Deus. Naquele inferno bendito ladeado de anjos decaídos, mais bonitos. Em cima de suas frontes pensantes pude distinguir passarinhos animados e seres idílicos entoando músicas inauditas. Eram espíritos e ainda são. Pois espíritos não sabem do prazo de calendários. Cirandavam com vestes translúcidas e, irmanados de um não cabimento, gastavam o cimento da rotina. Destituíam a cidade dos andaimes, roíam as estruturas da vigília dos fetichistas porque sorriam e não estavam sendo filmados. Descambavam esses patamares púlpitos dos ufanos. Afanavam, moleques que eram, destemidos, os andares empinados dos afeitos a demasia dos feitios. Hoje, pairam sobre o mesmo bairro e se desenham raios, lampejos de susto para nos indicar deidades. Choram quando preciso e chovem nas moças para verem seus vestidos transparentes, enrugados e causando arrepios, vestindo menos. Outrora desenhavam seus além-mundos. Por ora sentam nesses mundos por eles antes inventados, intuídos, como nuvens âmbares e sem sapatos saltam astros descabelados e divagam como o existir é curto. Estão felizes por isso. Nós, atados pela gravidade, vamos indo como podemos e vamos bem. Tudo que sei é que eles nessas novas moradas, antigas casas da mesma alma, bem ficam. E o Benfica idem, resiste graças aos artistas que lhes brindam. Um gole pro santo, três para os poetas... (aluisiomartinns)
3 comentários:
Aluisio,
muito bom cara. Repleto de metafora. gostei muito.
cheio de metáforas mas sem cair em um conotativo pobre
São memórias de um sambista. Muito bom!
Isso eh poesia... sem dúvida. Todo texto poético eh poesia, toda imagem poetica eh poesia. A poetica nos rodeia assim como as coisas triviais.
Muito bom... muito bom!!
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