Olho para o alto,
mas as nuvens não dão mais carona
- dista la infancia -
e passam apressadas
em seus afazeres de flores do céu
(maculadas de fuligem e caos).
Então,
a espuma que se forma no Tietê
- pela falta de chuvas,
diz o locutor da Globo,
é abundante e
supreendentemente bela,
camuflando de algodão
toda a porcaria >>>
que segue abaixo.
...
Deito os olhos
nesse horizonte cinza
de perspectivas toscas
(moscas e moscas)
Sobrevivência,
ambição
e pó:
"A cultura dos Asnos"
e desejo apenas partir,
seguindo a trilha
dos sinais
(negando a sina
daqueles que ficaram
pelo meio)
dos sinais
que formaram-se
em torno de minha boca
- quando na ausência dos sorrisos,
deu-se a erosão -
E, nesse grande Canyon
de volta à vida
há uma encosta
uma corredeira
remos
e um bote de borracha.
Sigo o meu destino.
*
Anete Antunes
*
23 de agosto de 2005
Um comentário:
pocha. Belo poema Anete. Gostei. Ritmo do carama. Obrigado pelo seu gole de poesia
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