quinta-feira, 1 de janeiro de 2009

Canyon

Olho para o alto,

mas as nuvens não dão mais carona

- dista la infancia -

e passam apressadas

em seus afazeres de flores do céu

(maculadas de fuligem e caos).

Então,

a espuma que se forma no Tietê

- pela falta de chuvas,

diz o locutor da Globo,

é abundante e

supreendentemente bela,

camuflando de algodão

toda a porcaria >>>

que segue abaixo.

...

Deito os olhos

nesse horizonte cinza

de perspectivas toscas

(moscas e moscas)

Sobrevivência,

ambição

e pó:

"A cultura dos Asnos"

e desejo apenas partir,

seguindo a trilha

dos sinais

(negando a sina

daqueles que ficaram

pelo meio)

dos sinais

que formaram-se

em torno de minha boca

- quando na ausência dos sorrisos,

deu-se a erosão -

E, nesse grande Canyon

de volta à vida

há uma encosta

uma corredeira

remos

e um bote de borracha.

Sigo o meu destino.

*

Anete Antunes

*

23 de agosto de 2005

Um comentário:

josé leite netto disse...

pocha. Belo poema Anete. Gostei. Ritmo do carama. Obrigado pelo seu gole de poesia